segunda-feira, março 29, 2010

MORTE.

A morte não deve ser tão ruim assim. De fato ela assusta de tão precipitada de vez em quando.
Dentre outras vem com tanta calma. Vai deixando que o desgaste tome conta do corpo para que ele fique mais leve...
Ela só não avisa. Ela nunca avisa... Algumas das vezes ela deixa vestígios de que esta por perto. Tantas destas vezes mais perto do que nós possamos alcança-la.
Eu a imagino em uma cor escura, cor de tristeza, cor de dor. Mas ela não pode ter cor!
Imagino o tom da sua voz. Mas não pode ser doce. Nem muito amarga. Nem fria, mas não pode ser quente.
Ela não avisa antes de chegar. Ela não pede licença. Ela não pede desculpas.
Eu não confio nela. Eu não quero que ela chegue. Corro por todos os lados, por todas as direções, e por sorte ao contrario.
Eu tenho medo da sua abordagem. Se ela vai levar o que sobrou deste rel puxando pelos braços, ou se vai me carregar no colo. Tenho pavor de sentir a pele. Se sua pele é asquerosa, ou pior: macia!
Medo de que a morte seja tão livre quanto um pássaro. Medo que a morte seja sensível como suas asas.
Não tenho medo que ela seja impiedosa, meu maior medo é que ela tenha piedade. E que deixe-me a se decompor e sentir dor. De que quando ela vier, não queira me levar.
Muitas vezes ela deve ter passado por mim... No meio dessas idas e vindas nas grandes rodovias. Nos dias de chuva com a pista escorregadia. Nos dias de sol, que mal pude ver a estrada a minha frente.
Nos dias de febre, que tremi, e que me faltou apetite. No dia em que direcionaram um revolver engatilhado contra o meu rosto. Nos dias em que nada de ruim aconteceu... Ela esteve ao meu lado, se dela eu precisasse.
Talvez, ela seja somente uma companheira... Tão cansada, e tão sozinha.
E quem sabe, eu, você, ele, aqueles... Nós... Os outros... São somente mais alguns amigos dela.
Ela deve ser muito sozinha. Mas não quero lhe fazer companhia.
Eu a imagino como um anjo... Mas um anjo sozinho. Um anjo cansado. Com grande demanda.
Penso como ela deve sofrer. Eu jamais suportaria carregar uma alma jovial. Eu definitivamente não suportaria carregar um neném. Que medo eu teria de uma alma tão pequenininha nos meus braços. Já abracei almas joviais, e já vi o cansaço nos olhos de gente tão vivida, tão velhinhas... Já abracei tão fortes almas que não quero que se vá nunca. E já segurei nos braços gente tão novinha, que nem palavras ainda não sabem pronunciar.
E então, é por este motivo que Deus me deu a VIDA. Deu-me a positividade para acreditar em um dia melhor que o outro.
Deu-me a esperança, e também a coragem. Deu-me a fé. Deu-me a perseverança.

Deus me trouxe a VIDA para que eu refletisse sobre a MORTE.

2 comentários:

Fernanda disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
@vitinhobinho disse...

A morte pra mim é a unica certeza da vida. É a realidade do concreto, por mais que vivamos o oposto disso.